“Que tiveram porque se desentenderam
Aqueles que pretenderam
Fazer a Torre de Babel.”
— Último verso da música Torre de Babel de Lupicinio Rodrigues
1. A História da Torre de Babel e Seu Significado na Espiritualidade
Em Gênesis 11:1-9, encontramos a parábola da cidade e da torre, historicamente conhecida como Torre de Babel. Após o dilúvio, todos os habitantes da Terra falavam a mesma língua. Ao se estabelecerem em uma planície chamada “Senaar”, decidiram construir uma torre que chegasse ao céu, proclamando:
“Vinde, façamos para nós uma cidade e uma torre cujo cimo chegue até o céu, e tornemos célebre o nosso nome antes que nos espalhemos por toda a terra.”
Devido à soberba e orgulho do povo, Deus interveio para confundir as línguas, dispersando-os por toda a Terra e interrompendo a construção.
São João Crisóstomo observou:
“Observe como a raça humana, em vez de ser capaz de resguardar seus limites, sempre anseia por mais e mais, e alimenta ambições além de suas forças.”
2. Origem do Espiritismo: A Codificação de Allan Kardec
A espiritualidade e o contato com o invisível existem desde os primórdios da humanidade. Culturas como a grega e a indiana (através dos “richis”) já demonstravam mediunidade e comunicação com os deuses.
O Espiritismo surge com o trabalho de Allan Kardec. Nos anos 1850, após participar de reuniões envolvendo mesas girantes — iniciadas nos Estados Unidos pelas irmãs Fox —, Kardec passou a receber mensagens mediúnicas. Em contato com uma família cujas filhas eram médiuns, ele recebeu mensagens direcionadas a “Rivail” de um Espírito chamado Zéfiro, que anunciava a existência de uma entidade superior interessada em dialogar com o codificador.
Adotando o nome de Allan Kardec (reencarnação de Rivail), ele iniciou sua obra. O primeiro fruto desse trabalho foi a edição do Livro dos Espíritos (1857), contendo 501 perguntas. Em 1860, a segunda edição, com 1019 perguntas, foi publicada, consolidando a base do que passou a ser conhecido como Doutrina dos Espíritos – um conjunto que integra filosofia, ciência e moral, sem recorrer à mera religiosidade.
Outras obras codificadas, como O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Livro dos Médiuns, O Céu e o Inferno e A Gênese, continuam a fundamentar o pensamento espírita original.
3. Divisões no Movimento Espírita: Religião, Misticismo e Ideologia
3.1. A Fundação da FEB e a Cisão Inicial
No dia 2 de janeiro de 1884, foi criada a Federação Espírita Brasileira (FEB), tendo como primeiro presidente o major Ewerton Quadros. Em pouco tempo, surgiram dificuldades administrativas, financeiras e ideológicas, resultando na divisão do movimento entre:
- Laicos/Científicos: liderados pelo professor Afonso Angeli Torteroli.
- Religiosos/Místicos: liderados pelo Dr. Bezerra de Menezes, influenciado pelo misticismo igrejista e pelo livro Os Quatro Evangelhos de Roustaing.
3.2. A Influência dos Médiums e a Crítica à Adoração Excessiva
Com a consolidação da vertente religiosa, desenvolveu-se a adoração a médiuns como Chico Xavier, Divaldo Franco, entre outros. Essa postura transformou a opinião de alguns errantes em “verdades absolutas”, contrariando o princípio kardecista de que “melhor rejeitar dez verdades do que aceitar uma só mentira, uma só teoria falsa!”
3.3. A Politização do Espiritismo
Em torno de 2014, durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff, surgiu o grupo “Espíritas à Esquerda”, que passou a criticar politicamente os acontecimentos do país. Esse grupo promoveu edições dos livros da codificação com teor crítico-racista e inseriu imagens de pessoas negras, o que vai de encontro ao que Kardec condenava. Embora alguns espíritas de esquerda se empenhem em preservar a essência da obra codificada, essa ação desvirtua o método do crivo da universalidade dos ensinos dos Espíritos superiores.
4. Universalidade dos Ensinos Espíritas: O Crivo dos Espíritos Superiores
A verdadeira validação da doutrina espírita não se baseia na aceitação popular ou na influência de grupos específicos, mas sim na concordância universal dos Espíritos superiores.
No Obras Póstumas, o Espírito Zéfiro afirma:
“Mas, ah! a verdade não será conhecida de todos, nem crida, senão daqui a muito tempo! Terás que voltar, reencarnado noutro corpo, para completar o que houveres começado…”
Em outra passagem, o Espírito de Verdade orienta Kardec:
“Não permanecerás longo tempo entre nós. Terás que volver à Terra para concluir a tua missão, que não podes terminar nesta existência. Se fosse possível, absolutamente não sairias daí; mas, é preciso que se cumpra a lei da Natureza. Ausentar-te-ás por alguns anos […] e, quando voltares, será em condições que te permitam trabalhar desde cedo.”
Essa comunicação reforça que a continuidade do Espiritismo dependerá da reunião de uma plêiade de Espíritos superiores, independentemente de visões místicas, religiosas ou ideológicas que se afastem do crivo da universalidade dos ensinos.
5. Desafios Atuais e o Futuro do Espiritismo Racional
Que o Espiritismo não se torne uma nova Torre de Babel, fragmentado por interpretações polarizadas. Podemos não ver os novos frutos imediatamente, mas certamente não serão fruto dos ortodoxos, dos espíritas à esquerda, dos místicos ou dos pseudo-poderosos que pretendem ter a última palavra.
Espera-se que, futuramente, ocorra uma nova reunião de Espíritos de escol sob a supervisão do Espírito de Verdade – ou de outro tão puro quanto ele – para reafirmar e solidificar os ensinamentos originais da doutrina kardecista.

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Espiritismo sob a Codificação de Kardec
Sobre o Autor

Paulo Malta
Economista, Administrador de Empresas, estudante ferrenho da Doutrina Espírita codificada por Allan Kardec, divulga o Espiritismo através de grupos de estudo, sempre baseado na essência trazida pelo trabalho inigualável de Hippolyte Léon Denizard Rivail, nosso Allan Kardec.
Administrador e Criador do Grupo Espírita "Espiritismo sob a Codificação de Kardec - Kardecistas"